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DE OLHOS BEM ABERTOS PARA O EXTERIOR

Marcelle Sultanum, Rishon Cosméticos, quer ganhar o mundo – Crédito: Bernardo Dantas/DP/D.A.Press

Quando entrou em vigor, em 1994, um dos objetivos do Plano Real era a estabilidade econômica brasileira. Para isso, uma das estratégias utilizadas foi a abertura comercial. Com isso, houve uma redução das barreiras tarifárias, que permitiu um aumento das importações e barrou o aumento dos preços por pressões de demandas. Em um primeiro momento, o resultado foi o aumento do desemprego, já que a indústria brasileira não era competitiva o suficiente para disputar com os produtos internacionais. Por outro lado, os preços foram estabilizados.
“Os produtos internos precisaram se adaptar. Nos anos 1990, houve muito desemprego porque a indústria brasileira precisava de mais tempo para se tornar competitiva para concorrer com os produtos do mercado externo, que possuem um custo de produção menor”, explica o economista e professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) João Policarpo.
Por outro lado, as exportações não receberam os incentivos necessários para o seu crescimento. Também havia as práticas protecionistas por parte das economias desenvolvidas, que inibiam as vendas no exterior. “Não houve incentivo às exportações. A taxa de câmbio pouco atrativa e o alto custo produtivo inviabilizavam o processo”, diz Policarpo. A recuperação deste setor teve início em 2000, quando houve uma maior diversificação da pauta de exportações, devido à atenção dada a determinados setores que tinham pouca participação na pauta e passaram a ser relevantes.
Foi com essa melhora que a pernambucana Rishon Cosméticos, empresa com 28 anos de estrada, resolveu fazer negócios com novos parceiros. Há três anos, a empresa decidiu ganhar novos mercados e participou de uma feira de produtos de beleza na Itália. Era o primeiro contato com os compradores internacionais. A decisão veio bem antes desta experiência.
“Primeiro realizamos pesquisas sobre quais mercados podíamos atuar. Em seguida, participamos do curso de primeira exportação do governo do estado. A partir daí, começamos a dar os primeiros passos como, por exemplo, a tradução de rótulos, produção de catálogos, construção de site bilíngue e estudos de mercado”, explica a diretora da Rishon, Marcelle Sultanum.
A estratégia tem dado certo. Cerca de 10% da produção da indústria são exportadas. Os produtos pernambucanos já foram enviados para Itália, África do Sul, Líbia, Estados Unidos. Em breve, devem seguir para Portugal. “Se eu não tivesse um câmbio estabilizado, como eu poderia calcular o processo do meu produto? O meu retorno? Sem estabilidade da moeda não teríamos como exportar. Antes do Real era impossível. O nosso produto e a nossa empresa não eram competitivos. Não havia como fazer um planejamento estratégico.”
Apesar da diversificação da pauta de exportações, no ano passado a balança comercial voltou a preocupar, registrando um superávit de US$ 2,56 bilhões. Apesar de positivo, este foi o pior resultado desde 2000, quando houve um déficit de US$ 731 milhões. No último balanço fechado em 2014, as melhorias começam a aparecer. Em junho, as exportações superaram as compras do exterior em US$ 726 milhões. Com isso, a expectativa do mercado financeiro para este ano, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central, é de um superávit de US$ 2,25 bilhões nas transações comerciais do país com o exterior.

Evolução – Exportação/Importação em %

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